sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Menina e a Estrada






Ela estava lá. Era o início da estrada e já tinha passado por ela, mas nunca sozinha. Mas, chegara a hora. Para todos chegam e a menina, que se sentia mais menina que mulher, sabia que tinha que dar os primeiros passos para conseguir ir adiante. Tinham muitos do seu lado, pois todos tem um caminho (embora cada caminho fosse diferente para cada um deles). A estrada era tão grande, infinita, com flores amarelas iluminando algumas pétalas rosas, com pedras formando círculos e árvores retorcidas, que se formaram desiguais, só para agradar os transeuntes. Tudo tão exageradamente lindo! tantos sonhos para realizar e desafios à espera de um desbravador. A menina se sentia uma guerreira, uma personagem cheia de força, luz e verdade que, como o alquimista, que chamava-se Santiago, percorreu o deserto, descobrindo seus sinais e realizando sua "Lenda Pessoal". A menina sentia mais que isso, ela lembrava-se da Liesel, "A Menina que Roubava Livros", e com os livros leu as páginas do mundo e deixou suas letras marcadas nos corações de seus companheiros. A menina também queria ter coragem, olhar o horizonte límpido e deixar o vento quente abraçar todo o seu corpo. Mas era o medo, aquele maldito medo! Ele a impedia de voar, de correr a longa estrada e descobrir o seu verdadeiro lugar. Quanto mais se demorava, via as pessoas passarem, isso não é bom, pensava ela, pois quanto mais nos demoramos para conhecer o nosso caminho, mais perdido ficamos olhando os caminhos dos outros,  sendo que o caminho alheio, jamais será como o educador caminho construído para nossa aprendizagem. A menina queria ir, só era um pequeno, tão pequeno passo. Por que não fazê-lo? Por que nutria tanta fraqueza? Depois de muito tempo, quando alcançou seus largos caminhos, obteve a angustiante resposta: só a estrada iria extrair suas fraquezas e educar o seu medo, não há outra forma. Então, envolvida por uma inédita coragem, a menina levantou-se da estrada, abriu seus braços e permitiu que suas pernas fizessem o início de uma grande jornada. Ao caminhar pelo imenso pedaço de terra, não se deu conta que o vento a abraçava com leveza, lhe dando boas-vindas e pedindo ajuda para as flores, que generosamente presenteou os pés da destemida com belas pétalas pelo chão e as árvores, radiantes com a mudança da pequena, pediu ao vento que embalace suas folhas, formando uma música suave, demostrando que a vida a acompanhava, bem de perto. A menina, então, compreendeu tudo, sorriu para a natureza e foi-se embora. A menina, já não era a mesma, mal recordava-se de outrora, seus cabelos voavam com o vento e seu coração batia leve e sereno; seus olhos já não olhavam para caminhos alheios. A menina, sem perceber, cresceu e sabia que na longa estrada encontraria o essencial, a verdade que seu espírito viera buscar. Como a menina estava feliz!




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