sexta-feira, 10 de setembro de 2010

As Escaladas da Vida



Eu imagino que a verdadeira felicidade é a paz de espírito. Então, a sensação do eterno prazer e calmaria deveria se chamar paz e não felicidade. Sem paz, não há felicidade e a paz é consequência da mais pura conquista da sabedoria. Encontrar essa tal de felicidade,  é difícil, pois desde que o homem conquistou seu grau de racionalidade, busca incansavelmente o prazer absoluto e pleno, não dominando completamente o que define como realização. Desde a mais tenra infância a criatura espera seu gozo. Num carinho de mãe, no alimento para o organismo ou no descanso acolhedor ao pernoitar. Depois vem um longo caminho, em que se espera o apaziguamento, a bem-aventurança, o sim da vida em cada desejo, seja ele vil ou nobre. Espera, sim, somente se espera que tudo seja eternamente benevolente, que os conflitos não existam e que o passado não atormente a mente que não sabe porque pensa. Mas no capricho mimado e sutil de cada vivência, a dor chega logo para matéria de ensino e cada um se depara proporcionalmente com as necessidades que carrega nas suas andanças, para fins de aprendizado. Então, se descobre que os dias são escaladas para que se alcançe o amor e que as dores, sejam elas morais, físicas ou espirituais são mapas, que direcionam a alma para o além, para uma localização que a criatura ainda ignorante nem sabe identificar. Descobre que a tristeza é uma redação, o exercício diário da reflexão essencial para subtrair os demônios que persistem em habitar em todos os seres (Ilusões criadas pelo homem para exteriorizar uma explicação não compreendida pelas mentes vacilantes desse mundo). Entende-se, sobretudo, que sempre haverá uma nova escalada e uma nova tarefa a ser solucionada. E como aprenderia o homem, se assim não fosse? Entende que não importa qual o tamanho ou razão de uma circunstância, pois o relevante é como reage diante da mesma. E, depois de compreender muitas ciências, caminhar por inúmeras estradas, logo a paz começa a se demonstrar, como luz penetrante que guia e encaminha aquele racional já mais sabido no mundo. Por fim, a criatura entende que o amor só é real, com a virtude da paz: que ama sem egoísmo. A amizade só se torna soberanamente uma virtude quando auxilia e suporta o companheiro infeliz e aquele prazer irreal, tão procurado no decorrer das existências, só se materializa com a paz do amor, a amizade compreensiva e a sabedoria (aquela que só se encontra nas variadas dores e angústias). Escaladas que desbravam o essencial que não vemos, mas que sabemos de maneira inata, que precisamos encontrar para  vencer e aprender a voar.



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