sábado, 16 de abril de 2011

Afinal, O Que é Inteligência?





A necessidade da educação na sociedade pós-moderna mascarou-se com a ideia da valorização do conhecimento como forma principal de desenvolvimento social e intelectual. No entanto, a atual educação intelectual, pouco tem como preocupação a formação que vise o aprofundamento na integridade e reflexão do gênero humano. A educação, não vem sendo produzida necessariamente para o pensamento, mas para o armazenamento. Na escola, decoramos cálculos, datas comemorativas, eventos históricos que delimitaram períodos; decoramos que nosso organismo é formado por unidades celulares, a diferença de mornarquia e república e os grandes continentes e, toda essa informação, não foi fornecida para questionar o sistema, mas sim como preparação para tornar-se mão-de-obra dele. Hoje, a quantidade de conhecimento que um indivíduo consegue armazenar o faz ser conceituado como inteligente, um intelectual, viabilizando para ele status e acesso a atividades satisfatoriamente remuneradas. Inteligência, nesse mundo moderno, é decorar, usar e abusar da atividade cerebral arquivando fórmulas, textos e leis. Aquele que não se enquadra, é excluído e, mais que excluído, desprezado e catalogado na "seção" dos que não tem capacidade de compreender e entender as diversas disciplinas lecionadas nas escolas, faculdades e pós-graduação. Consequentemente a palavra burrice (palavrinha medíocre que tanto repudio) vem sendo usada entre colegas de ensino e profissão, separando os que tem a "rara" capacidade de armazenar muita informação dos que não conseguem dedicar-se horas em tal intento.





A sociedade e escola preparam os educandos para serem competitivos e pouco solidários. O concurso do vestibular é um tremendo massacre de ideias. Jovens em processo de formação (e educação) julgam ser potencialmente mais sabidos por decorarem uma grande gama de informação para a temida prova; os que conseguem utilizar tais informações para adentrarem nas instituições mais concorridas, ditas excelentes, são louvados como indivíduos inteligentes, já os que não, vivem o complexo de baixa-estima estudantil, inferiorizando a si próprio e introjetando a ideia de ser significativamente menor por não ter vencido o que o sistema estabeleceu como intelectualidade. Acreditam que estão destinados à "casta baixa da inteligência", alimentando conceitos pequenos e incorretos do que seja realmente o conhecimento. Armazenar informações, dedicar-se a leitura e trabalhar o intelecto, de forma alguma é errôneo, mas utilizar tais conhecimentos para codificar o que a sociedade estabelece como inteligência, é algo racionalmente improdutivo e ilógico. Burrice, não existe. E, catalogar indivíduos em grupos dos inteligentes  e eminentes, contrapondo-se aos grupos de "burros" e preguiçosos, é um preconceito, ignorância e exclusão humana, que degrada a formação humana, destruindo sonhos e perspectivas de vida.





Se decorar informações e confirmá-las frequentemente nas avaliações, debates e sociedade deve ser medição de intelectualidade, logo, podemos perceber que inteligência não acompanha (como deveria) a reflexão, afinal, quantas pessoas "altamente inteligentes" cometem Bullying, crimes e desonestidades, inferiorizando o outro, mesmo tendo tido uma excelente formação intelectual? Quantas não classificam o outro como inferior e criam relações de distanciamento entre os "sabidos" e os "ignorantes"? De fato, são muitas. Como bem elucidou Paulo Freire (Esse sim, um grande intelectual e pensador) "Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes" ou, como a mais bela lição de educação "Ninguém sabe tudo, ninguém ignora tudo. Todos nós aprendemos juntos, mediatizados pelo mundo". Afinal, o que é educação? É profissionalizar-se com conhecimentos registrados no MEC?  É ter a potencialidade de armazenar no cérebro quantidade X de infomações mais do que outros? O fato, é que a mistificação do que realmente seja conhecimento e educação, está adoecendo a mente dos homens; atrofiando seu pensar e limitando sua criticidade, o fazendo crer que a busca para ser inteligente está intrinsecamente ligada ao armazenamento de conteúdo que a razão absorve ao longo da vida; dando ao homem uma inteligência estranha, que separa os homens em grupos, classes econômicas e o faz criticar seu semelhante por uma ortografia errada, um ideia que fuja do que decorou nos livros e do ceticismo em relação a tudo que seja contrário do que foi hierarquizado na sociedade como "inteligência". É uma inteligência estúpida, besta, que decora, mas não reflete, lê, mas não interpreta e, sobretudo, copia, mas não cria e compreende o sistema, não utilizando a intelectualidade para o crescimento e desenvolvimento, mas para o armazenamento de conceitos e ideias inferiores, não descobrindo o grande poder do intelecto; o poder do pensar, refletir e transformar.