domingo, 13 de fevereiro de 2011

Se Nada der Certo, Viro Político.



Política caracteriza-se por ser a arte de governar os interesses públicos e administrar todos os setores de um Estado, mas no Estado brasileiro é definida, também, como um fator de utilidade por pessoas que buscam a política para fins lucrativos, sem comprometimento com a ética, a cidadania e o povo. Muitos cidadãos se candidatam para cargos políticos buscando oportunidades de status sociais e remuneração exorbitante para a realidade do país. Nesse sentido, o quadro de composição que abrangem o Poder Legislativo e o Poder Executivo são formados por profissionais que desempenham funções das quais não tem entendimento e, mesmo sem qualificação, são votados para ocupar cargos públicos com excedente remuneração, no qual não desenvolvem programas sociais eficientes e leis favoráveis ao desenvolvimento do país. Nas últimas eleições tivemos - lamentavelmente - um número significativo de pessoas despreparadas para o futuro trabalho, mas, como eram conhecidas pela grande massa brasileira, foram votadas em número considerável para se tornarem Deputados e Senadores do grande Estado brasileiro. Dentre os eleitos, pode-se encontrar indivíduos que desempenhavam trabalhos de naturezas variadas: humoristas, cantores, atletas, empresários... pessoas que já tiveram seu prazo de profissão extinta e decidiram "tentar" a política buscando fama, salário e mídia. Da ciência política, das necessidades do cidadão, segurança pública, educação e saúde, pouco discursaram ou entendiam, deixando claro o fato de serem ignorantes sobre os fatos apresentados e não terem conhecimento profundo a ponto de formularem uma idéia precisa para sanar, discutir ou atenuar as problemáticas que a sociedade brasileira enfrenta.




Os eleitos, infelizmente, demonstraram que para fazer e exercer política no Brasil, não é exigida nehuma qualificação e preparo. Conhecer as mazelas da sociedade, as necessidades de saneamento básico e as dificuldades da estrutura educacional, não foram questionamentos e preocupações que direcionaram os candidatos quando optaram por  "representar" o Estado. Suas únicas ferramentas de trabalho são o discurso repetitivo e vazio e as promessas utópicas de problemas que nunca vivenciaram e sequer sabem como solucionar. Consequentemente, vemos nossos eleitos, vivendo de forma corrupta, não interagindo com a vida social e trabalhando em prol dela. Um político, além do comprometimento com a ética, honestidade e cidadania, deveria ser um representante intelectualmente formado e informado para o trabalho que pretende realizar. Sendo assim, conhecer os princípios básicos da estrutura social e as necessidades básicas que fazem parte de um país deveria ser habilidade exigida para posse do cargo, pois eleger um cidadão por ser humorista, por ter sido um bom atleta, por cantar bem, por ser bonito ou qualquer tolice desse gênero, só comprova que o brasileiro é, ainda, politicamente despreparado e não educado para saber a relevância do voto e do poder que o mesmo determina.




Nossos  eleitos certificam - descaradamente - que são frutos da nossa ignorância e dos critérios que utilizamos para definir o que seja primordial para sociedade. Ocupam um cargo que, MAIS QUE QUALQUER OUTRO NO ESTADO, poderá definir a estrutura educacional do Estado, direitos trabalhistas, igualdade social e acesso a dignidade de vida. As pessoas que escolhemos para legislar nosso futuro, definirão nosso futuro. Seremos réu de um julgamento que nós mesmos escolhemos. E, enquanto escolhermos pessoas que são conduzidas à política por necessidades pessoais e não coletivas e humanistas, teremos por muito tempo esse grupo medíocre de políticos que escolhem a política não por fomação, idealismo, mas por vê-la como um caminho fácil de riqueza e publicidade, afinal, se nada der certo, no Brasil, sempre há a possibilidade do "jeitinho malandro", de trapacear o outro, elegidos para um cargo com o aval dos eleitores que reclamam, criticam, mas nunca aprendem.




sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Menina Pedra.







A Menina Pedra não gostava de ser pedra. "pedra não sente nada, não é nada", dizia ela  para suas amigas rochas, que protegiam a doce pequena.

 ---  Queria mesmo, era ser gente. Poder correr, sentir sensações e conhecer a arte de amar. Ou, então, se não me deixarem ser pedra, permitam que vire uma flor, ou árvore, por favor! --  repetia a Menina Pedra.


A rocha, sábia e habitante remota da Terra, conhecia muitas coisas e, então, decidiu deixar a Menina Pedra partir para o mundo, na grande e intrigante aventura de se tornar gente. A Menina Pedra não tinha células, era feita de pedra. Um material sólido por demais que não permitia nenhuma alteração ocorrer. Nada poderia a partir, nada poderia infiltrar: suas pedras eram rígidas. Era chamada de "Menina Pedra", pois era bonita como uma menina - uma espécie diferente na Terra. E ela sonhava em ser mais. Muito mais. Infelizmente, o tempo passava, mas suas pedras não se modificavam. Então, a menina tentou proteger uma roseira - na esperança de que a mesma lhe presenteasse com sua cor e com a vivacidade de seu dia. A Menina Pedra, então, encostou-se nas suas rosas; não permitia que nenhuma erva daninha se aproximasse, mas, quando todos passavam, nem notavam ela. A jogava para qualquer canto, desejando que a rosa permanecesse livre para ser deslumbrada. Mas ela não desisitiu! Colocou-se novamente em volta da sua rosa e a protegeu, no mais vivo amor. A rosa crescia, vivia e deixava seus esporos se dispersarem para semear novas vidas. A Menina Pedra, cada vez mais, ia ficando pequena diante de sua roseira que ganhou um altura grandiosa e vicejava de forma incomun. Então, os dias passaram e a Menina Pedra, ao amanhecer, viu que tinham roubado sua rosa, "Pois ela estava linda demais para ser deixada na terra", ouviu dizer. Nesse momento, a Menina Pedra experimentou uma sensação desconhecida: a tristeza. Era um sentimento estranho, um vazio profundo e uma necessidade de ter algo que não podia. A Menina Pedra, nesse momento, sentiu seu corpo rachar e viu  - sem sentir nehuma dor - um pedaço de seu corpo rolar para longe, muito longe de si mesma.


Mas pequena do que já era, a Menina Pedra partiu daquelas terras e decidiu nunca mais proteger e gostar de nada que visse. Encostou em um pedra grande, mas não sentiu nada pela mesma, pois ela não falava, sentia ou queria algo, como ela - estranhamente, por ser pedra -  desejava ter e ser. A Menina Pedra partiu daquelas rochas, pois não suportava mais o calor e foi-se embora. Ao chegar em um terreno umbrófilo, viu um ser estranho crescendo. Tinha apenas duas folhas e um caule frágil.

O que você é? - disse a Menina Pedra.

Sou uma árvore - respondeu a mesma.

- Desse tamanho? Que mentira!

- Eu sou uma árvore, mas ainda sou pequena. Talvez, se pudesse me ajudar, poderia crescer e não morrer aqui!

- Como poderia te ajudar?

-  Me amparando. Se ficar perto de mim, até meu caule ficar forte e crescido, não serei pisado por ninguém e, no futuro, lhe darei uma sombra majestosa, maravilhosa! Terei muitas folhas e flores nascerão de mim, antecipando a chegada dos meus frutos.

- Ai! uma sombra! Sombra para me proteger do sol! Tem perigo de alguém te roubar?

- Não, serei muito grande e os outros seres não me desejam para alegrar em outros lugares ( como acontece com as flores) rsrsrs

- Sendo assim, aceito!

A Menina Pedra levou seu pequeno corpo para junto do caule, e lá ficou. Anos se passaram e as duas se ajudaram, tecendo uma amizade bonita e uma vontade de permanecerem juntas para sempre! A árvore, dia após dia, ficava alta e suas folhas aumentavam, caíam, e, depois de muito tempo, veio as flores prometidas; A Menina Pedra não poderia ser mais feliz! Via as flores com cores diversas cair sobre ela, a enfeitando sem pedir. Um dia, porém, a árvore revelou-lhe um segredo. Um segredo que já sabia desde quando era um pequeno caule: ela iria ser cortada. Não havia lhe contado antes, pois temia que a Menina Pedra fosse embora. "Nós, árvores grandes, sempre somos cortadas. Acontece com quase todas, mas, se não fosse você, como ficaria forte para dar flores e frutos para todos? Você me fez forte e eu pude viver". A Menina Pedra sentiu todo o seu corpo tremer, não sabia o que era aquilo! A Menina Pedra experimentou a segunda sensação estranha na vida: medo. O medo era cruel. Era um sentimento forte, dominante; era uma sensação insana de perder o que lhe fazia feliz. Logo, o segredo tornou-se realidade: a Menina Pedra viu sua amiga ser morta e suas folhas e fores secarem no chão, enquanto seu caule, o caule que cuidou e guardou, ser levado embora.



Outra vez partiu. Conheceu novas sensações nas terras em que passou. A tristeza e medo, conhecidos através da sua roseira e árvore, somou-se a outros sentimentos como: amor, amizade, paz, alegria, gratidão, ódio, rancor, dor, espera e, finalmente, decobriu, através de todos os sentimentos, que deveria, acima de tudo, gostar de si mesma, pois tinha um papel relevante na terra, como todos os demais seres que conheceu. Mas a Menina Pedra ainda estava triste, pois ainda era um pedra! Aliás, uma pedra bem menor do que antes, já que viu-se, em cada novo sentimento, rachar-se e se dispersar pelo mundo. Ao retornar  para sua rocha narrou tudo o que passou na grande aventura de tornar-se gente, mas queixou-se por ser ainda uma pedra. Sua rocha, sábia e bondosa, pediu-lhe que olhasse para o lago e, ao chegar em sua beirada, a Menina Pedra tomou um susto! Seu corpo, não era mais de pedra! Era gente! A Menina Pedra tornou-se uma menina, com células e sem pedras e solidez infiltrável.

 -  Meu Deus! Como isso ocorreu, sendo que nem senti?

 - Ah! minha adorada Menina Pedra! Quando decidiu ser gente, já não era mais pedra. Todo criação, seja ela qual elemento for, quando decide mudar, a mudança misteriosamente começa ocorrer. Você quis ser gente para sentir o que não podia. Então, conheceu o que era a tristeza ao perder a amiga roseira, conheceu o que era o medo ao pensar em perder a amiga árvore e conheceu o que são a racionalidade e sentimentos ao partir para o mundo. Você quis ver o mundo e, o mundo, tranformou você. As tranfomações e relações que construiu no mundo, modificaram seu próprio mundo. E, isso, minha cara, é ser gente. Ser gente é poder evoluir, deixar sentimentos labutarem seu caráter, deixar o mundo infiltrar totalmente pela sua alma.


A Menina, que não era mais pedra, abraçou fortemente sua rocha e correu querendo alcançar mais pedaços do mundo e deixá-lo permear sobre toda a sua existência. A menina não era mais pedra, gostava de ser gente, mas pensou em ser algo mais. A menina queria voar: queria ser anjo! E começou a desejar iniciar uma aventura intrigante na busca de se tornar anjo.

Mas essa, é uma outra longa e bonita história.