sábado, 16 de julho de 2011

Um Início Incompleto. Um Infinito Desabrochar.




E faltava algo naquele ser. Algo que necessitava amadurecer, florescer ou sanar. Uma parte imaterial, escondida em um recanto protegido de tempos outroras; de tempos em que negações e receios eram um caminho fácil de resolução. Era algo pertubável, que exigia atenção, que fazia-se ver em cada amanhecer e pedia por interpretar-se. Uma energia pulsante, ainda fraca em sua natureza, que nascera com o lógico propósito do progresso: implorava por sua melhoria. Aquele ser, imbuído de fragilidades e descrenças, sabia instintivamente de sua condição, das partes que guardava e nutria em si, dificultando e ditando seus caminhos sombrios; mas não buscava coragem para agir, para domar aquilo que carregava como algo inexplicável. Tentava expulsar o inquilino com suas lágrimas, suas admoestações e comparações com qualquer unidade paralela. Ainda era frágil. Ainda um ser crescente, que não conseguia atingir suas necessidades, assim como a semente perto da árvore que deseja tornar-se viva, mas não encontra condições para germinar-se. Assim estava: estagnado em sua forma. Sabendo da existência da luz em meio a sua escuridão. Consciente do poder de sua força diante o confortável espaço construído em seu lar íntimo e desassossegado. Sabendo que seu destino não mais poderia ser do que da sabedoria intensa e da estranha magia do amor, mas adiando seu caminho para encontrá-lo.





Faltava algo nele. Algo ainda profundo, necessitado de educação e auxílio. Que o levava a caminhos pedregosos e conflitos repetidos.. Que o fazia enxergar pouco, com as vistas embaçadas e saberes restritos. Um pleno e grande vazio. Algo que buscava ser modificado, que não podia mais esconder, mas melhorar. Um restante comum, típico de qualquer forma de vida pensante e inteligente, cansada de seu fracasso e sonhadora em volitar em sentido contrário. No sentido da infinita paz de reconhecer-se como vida florescente e eterna. Sim, uma parte obscura, mas ciente de suas capacidades. Uma parte que não se demorará a ser luz brilhante, condensada pela graça do conhecimento do amor. Um ser que em pouco tempo não  terá mais a temerosa sensação de ser incompleto, pois será mais e mais no infinito de seu caminho. Um ser já compreensivo das bagagens que carrega em sua viagem; acostumado com o que é pesado, compreensivo com os caminhos que lhe incomoda, mas paciente com suas particularidades. Um ser que ainda não voa como os anjos, mas já não encontra-se guardado em seu casulo. Já é força brava, inteligência dominante. Já é um pingo impagável de luz em meio a um universo de seres em evolução. Assim, será flor desabrochando e não semente sem vida e luz. Assim será o que deve ser, caminhando sem mazelas; tornando-se vida completa, sem retificações e restos incompletos dentro de si. Será mais, sabendo que só pôde ser mais, por ter conhecido e educado o seu menos.