terça-feira, 6 de março de 2012

Regras da Vida.







O filme "Regras da Vida" é pontuado por excedente sensibilidade e humanismo que de várias maneiras são demonstradas no decorrer da narrativa. O olhar puro do protagonista sobre  a vida, lançando sobre as próprias experiências não julgamento, mas compreensão e sabedoria, carrega o filme de emoção e a certeza de que a vida realmente é baseada nas escolhas que fazemos, nos caminhos que traçamos. Uma película com excelente roteiro, atuação primorosa e cenário que proporciona ao espectador uma visão realmente bonita da natureza e da vida. Tobey Maguire, no papel do bondoso e puro Homer, nos transposta para as experiências da vida e como ela é formada de vivências e escolhas. O protagonista, desejoso e curioso de conhecer o mundo e todas as possibilidades que ele oferece, abandona a única noção de lar que teve durante toda a sua vida: um orfanato (Administrado e cuidado por um médico altruísta, que cuida de crianças órfãs oferecendo um local seguro e um ambiente amoroso para se formarem) e parte rumo ao desconhecido, desejando experiências e vivências novas. O filme é permeado de emoções como tristeza, conflitos, alegrias, revolta e, sobretudo, indaga qual o caminho para ser feliz, qual escolha fazer e qual é a busca do personagem. Caracterizado por ser uma narrativa bucólica e serena, "Regras da Vida" impressiona pelo seu contraste contemporâneo, descrevendo efeitos diversos do comportamento humano, até mesmo a violência contra mulher, a importância da maternidade e as consequências provindas da orfandade, da negligência decorrente do ato de não aceitar ser mãe e pai.






Mas o filme é mesmo do Homer. Claramente dele. É por ele que nos apaixonamos quando vemos tanta pureza e beleza, com um comportamento retido e calmo perante a vida. Um personagem virtuoso, que desde a meninice aprende os mistérios da cura e de tratamentos diversos. Queremos saber a escolha de Homer, qual é seu caminho: o escolhido por ele ou o escolhido para o mesmo desde sempre. Um cuidador nato que nega seus próprios talentos, que não se reconhece capaz e preparado, fugindo do seu destino, fielmente acreditando que outros caminhos foram feitos para ele e não as perspectivas escolhidas para ele. Além de toda beleza que envolve a história, as cores atrativas de um belo cenário e um soundtrack mais precioso que já pude ouvir, a solidão é retratada de forma delicada nesta película. Os órfãos, mesmo sentindo-se amados pelo lar fornecido, sentem medo do amanhã, de não serem "escolhidos" e permanecerem até a vida adulta em um local em que foram abandonados (sem saber o porquê) por indivíduos que, mais que qualquer outro no mundo, deveriam amá-los, cuidá-los e prepará-los para o futuro.






"Regra da Vida" discute qual o caminho ideal para viver. Qual a regra exata para realização pessoal e transcendental do ser humano. Um filme extremamente delicado, emocional e indagador, que nos transpõe para um patamar mais passional e uma sensação de completa felicidade por ter tido contato com uma obra essencialmente humana. Um filme que nos mostra que olhar para o outro e construir a solidariedade pode ser o caminho mais valioso para real felicidade, não a confundindo com meras sensações levianas que nascem de uma idolatração a mediocridade. Uma obra realmente bela e certamente agradável e necessária para amantes de obras cinematográficas, pois basea-se na inteligência, profunda emoção e humanismo. Belo, poético, emocionante, puro e sábio, o filme reúne os questionamentos  necessários para o crescimento e a maturidade; questionamentos constantemente perdidos pelo caminho da vida diante a escolha do certo e errado, do querer e ignorar; das regras que regem a vida; das regras da vida.




"Boa Noite, príncipes do Maine, reis da Nova Inglaterra".