sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Brasil: Futebol, Copa e Mendicidade.




Há uma quantidade significativa de brasileiros que definem a felicidade e realização social do país fundamentados em três prazeres: ganhar a Copa do Mundo, festejar tal conquista  comportando-se de forma alterada e excedente (auxiliada com uso de substâncias ativas, seja elas legais ou ilegais) e a inserção de muitos feriados pelo ano. Neste ano de 2010, por exemplo, o país encontra-se cheio de expectativas, de desejos e ânsia de ganhar. Ganhar o quê? A copa, é claro! Basta ligar o rádio, a TV, a internet, que tem sempre a mesma notícia dominando todas as mídias sociais e as indagações e preocupações de todos os brasileiros. Precisamos ganhar. Precisamos que todos aqueles atletas consigam chutar a bola direito, enfiar naquela redinha e fazer um gol. E pra que? Para sermos hexa, oras! Brasil, o melhor time de futebol do mundo! Quanto mérito...E para essa pseudo felicidade toda materializar-se jogadores recebem remunerações exorbitantes (e desnecessárias), como se tivessem colaborando para o desenvolvimento positivo e qualitativo do nosso país. Para essa festa toda ocorrer (para que no fim, resulte em brigas e mortes de torcedores doentes em suas manifestações), os jogadores recebem remunerações excedentes; um dinheiro desmerecido e desperdiçado. Desperdiçado, sim. Sustento o que digo, pois se cada cidadão ampliar sua visão para o Brasil como nação e não Brasil como diversão, iremos observar um país de mendicidade, em que a pobreza, analfabetismo, sistema se saúde precário e injustiças em diversos setores estão presentes em todas as áreas administrativas. Quantas pesquisas não há sem patrocínio para desenvolver novas medicações, deixando os laboratórios e cientistas somente com o sonho de melhorar a saúde pública? Quantas escolas sem livros e bibliotecas, impedindo educandos de toda parte sem estrutura para ampliarem seus conhecimentos? Quantos indivíduos sem tratamento eficaz contra a epidemia das drogas? Quantas pessoas desempregadas, sem atenção do Estado, vivendo na mendicidade e sem assistência de qualidade do sistema de saúde pública? Doentes em desequilíbrio mental rotulados de "loucos de rua", por não terem acesso a atendimento e tratamento psicológico? Quantos e quantas?  É esse Brasil que se faz necessário  observar e conhecer, sem ilusão, sem estereotipação, com a lucidez sólida de sermos seres racionais e cidadãos informados sobre a sociedade.



O esporte, de fato, é fundamental para o desenvolvimento físico e promoção de qualidade de vida de todos os indivíduos, sendo um eficaz  meio de transformação social e físico. Mas não há forma ou argumentação que seja sólida e inteligente a ponto de definir que um  país  possa ser superior só por ter bons atletas e por tal motivo encaminhar recursos financeiros altíssimos (mesmo que privados) para ganharmos um título. Um títlulo! Um título que não extinguirá a pobreza, a falta de estrutura educacional, a guerra pública declarada entre o marginalizado e a sociedade... Um título que, por nenhum momento, estimula o homem a formar sua intelectualidade. Que não engrandece o espírito do homem. Engrandecer é crescer, é formular leis compatíveis com a moralidade e igualdade social, é proporcionar ao homem meios para ele adquirir sabedoria e, conseqüentemente, respeitar o próximo. É, acima de tudo, ser consciente do certo e errado, não reformando uma cidade somente para mostrar para "estrangeiros" (como acontecerá  em locais no Brasil, em decorrência da copa), mas porque  é habitado por cidadãos necessitados de qualidade, melhoria. Alguns brasileiros acreditam que ser patriota é torcer na copa, é vestir o verde e amarelo. Títulos, cores, camisas não faz nenhum cidadão patriota. Gostar do seu país é respeitá-lo, é ver suas necessidades, contribuir para sua evolução; é ver e ouvir essa gente que é coisificada pelo seu meio, que vive nas ruelas, no desespero, que não tem dignidade humana e nem terá enquanto o povo brasileiro continuar a imputar suas energias sociais para uma luta irreal, que proporciona a felicidade de títulos e glórias, mas não aniquila a série de problemáticas surgidas pela negligência de tudo e todos que fazem parte deste país.





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