segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Lula, o Filho do Brasil.






Luiz Inácio Lula da Silva, nosso famoso presidente Lula, carrega em sua história de vida fortes experiências que o singulariza não só como político, mas também como indivíduo. Nascido no interior do nordeste, vivenciou, como tantos outros nordestinos, uma infância pobre, escassa, de perecimentos e privações, tendo, ainda menino, abandonado sua terra natal junto de sua mãe e irmãos para viver no Estado de São Paulo. Como a maioria dos retirantes, trabalhou em ofícios de baixa renda, prestando serviços que exigem do homem força de trabalho em excesso para realização da tarefa a cumprir. Na grande São Paulo foi empregado como metalúrgico e conheceu a realidade de tal ofício, experimentando todas as dificuldades proporcionadas por ser do proletariado (massa que domina e move o país). Envolvido por seu ofício e reivindicador (como tantos outros) de melhores condições de trabalho, Lula iniciou  - mesmo sem perceber - sua carreira política. Ora, não há como separar a luta pela aplicação de uma modelo de relação trabalhista justo e correto com a política exercida por uma nação. Lula, decerto, percebeu  que justiça ou a falta dela  é consequência da política desenvolvida em cada município, Estado e país. Já tivemos outros presidentes, mas creio que nenhum teve uma história tão penetrante e forte quanto a do Lula, a ponto de resultar em certa popularidade e coleguismo do mesmo com os brasileiros e como ter sua história de vida transformada em livro e roterizada para o filme "Lula, o Filho do Brasil". O filme narra toda a trajetória de sua família, retirantes buscando em São Paulo oportunidade não só de mera melhoria, mas, como tantos outros retirantes brasileiros, esperançosos de não morrerem na seca, de fome. O filme explana a forte história de Lula, aliás, sobre Lula e D. Lindu, mãe forte e dedicada. D. Lindu era mulher simples, sem letramento ou qualquer tipo de afetação, que nutria o único sonho de fazer seus filhos pessoas de bem, honestas e trabalhadoras. A figura e história desse homem, Luiz Inácio, me impressiona. Não estou aqui para dissertar sobre a formação do seu partido, ou se seu governo foi positivo ou negativo, pois as divergências serão variadas. Há pessoas que santificam seu governo e há pessoas que o qualificam como pior gestão feita em solo brasileiro. Mas, o fato, é que esse homem fez história. Quando nossos filhos e netos estudarem História, com certeza estará lá, nas páginas dos livros, como documentos irrefutáveis, que existiu um homem de infância muito pobre, marginalizado pelo seu meio, trabalhador insatisfeito, que decidiu usar sua voz para exigir que trabalhadores fossem respeitados, que tivessem oportunidades e melhorias no âmbito do Direito do Trabalho. Um homem que de tanto usar sua voz e fortalecer sua ideia política, foi eleito Presidente do Brasil. Se ele foi um político ideal ou não é uma definição de cada mente, que faz seus conceitos e opiniões; mas é inegável que ele foi, um divisor de de ideias na política do Brasil. Digo isso pelo simples fato de uma nação aceitar como líder político um homem visto como do povo, sem status, domínio de idiomas e vasta informação técnica. Isso prova que os cidadãos estão em busca de uma nova organização social: de respeito, igualdade e distribuição justa para coletividade. Quando os cidadãos resolveram votar nesse homem o fizeram por ver na sua frente (como disse D. Lindu) um homem que teimou e lutou por seus ideais. Um homem que falou de direitos e deveres para os homens, seja estes de classe alta ou baixa. A busca por uma realidade democrática, igualitária, casou-se com a figura de um homem que (diferente de outros políticos) sabe o que é passar fome, sabe o que é ter salário mínimo, sabe o que é não ter direitos trabalhistas efetivados e sabe o que é, sobretudo, ser pobre. Lula é história, independente de opiniões contrárias. Ele foi um desses cidadãos capazes de transcender uma realidade e lutar por melhorias. Admiro muito esse homem. Se o admiro como político ou não, não vem ao caso, mas o homem retirante, filho de D. Lindu, que teimou contra tudo e todos e em 2003, depois de muito tombar e levantar, chegou a Brasília, assumiu a Presidência da República e teve sua história documentada nos livros, no filme e na mente de cada brasileiro, esse Lula eu ouço e vejo como um homem que escreveu com suas mãos, uma história sólida e transformadora para realidade brasileira. Uma história do povo e para o povo.



Lula, O Filho do Brasil e Vidas Secas


O filme "Lula, O Filho do Brasil" foi dirigido por Fábio Barreto e trás de forma condensada toda a história de Lula e sua família.  A vida de sua mãe, irmãos, seu primeiro contato com o trabalho e sua iniciação na política. O objetivo do filme foi demonstrar o Lula, sem grandes epopéias, embora tenha sido difícil. O livro que narra toda a sua história foi escrito pela jornalista Denise Paraná e o defino como interessante e pertinente, já que fizemos parte dessa história. No decorrer do filme, lembrei-me de uma das narrativas mais emocionantes que li: "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. O livro narra a história de uma família de retirantes: Sinha Vitória, Fabiano, menino mais velho, menino mais novo e a cachorra Baleia. Eles partem do nordeste fugindo da seca que mata os bichos, as plantas, os homens, à vida. Uma seca forte que seca o coração, não trás nem lágrimas, pois o sofrimento já é maior que orgânico e subtrai a alma, a reduzindo a um só sentimento: sofrimento. Em sua trajetória lidam com a vergonha, a retidão, a desgraça e a fome; a fome que dói a barriga, que faz o bicho homem odiar o mundo. "Vidas Secas" é obra-prima, pois fala do real, de um povo brasileiro esquecido, marginalizado, que sofre nas margens do continente e que tenta gritar pra pedir ajuda a uma sociedade que vive de forma excedente, superficial, que contribui para a fome dos miseráveis, fortalecendo diariamente a pobreza e as mazelas da sociedade.





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