Ela tinha os olhos suaves e profundos, com uma melancolia natural de um ser desejoso da vida e de suas nuances. Sua pele era nova, sua idade, ainda muito jovem, mas seus olhos eram idosos e viam a vida sobre um prisma sereno, como se a vivência tivesse chegado antes que a velhice e serenidade. Uma pequena grande estranha mulher, que via elementos impercebíveis, contava os dias como epopéias e queria ser grande de uma maneira singular aos outros sonhadores que trasitavam com ela. Uma moça já muito velha em um corpo muito novo. Uma discrepância que a fazia não entender, muitas vezes, nem a si mesma quando podia sentir sua excedente maturidade falar e, em outras, sua meninice a chamar para realidade. Queria definir o mundo, os outros e a si. Encontrar a forma perfeita de viver, falar, pensar, aprender, caminhar e conhecer a inteligência ideal para a sabedoria e perfeição. Qual o caminho? Pensava, pensa e pensará ela, tão jovem e tão velha.
A moça, tão velha que era, desejava momentos de paz, deixava a preguiça tomar-lhe conta e realizava leituras diversas, como se fosse a atividade mais poderosa do mundo. A moça, dentro da pequena velha, desejava a vida frenética, mais veloz e viver experiências pares, como se cada andar fosse lhe proporcionar uma visão mais aguçada e alegre da vida. Mundos, passagens, histórias e viagens fazem parte dos sonhos da moça velha. Paz, iluminação, palavras sábias fazem parte da velha moça. Quantas facetas, caracteres e faces guardava essa moça. Muito velha por dentro e muito nova por fora. Uma moça de dualidades e caminhos diversos e complexos dentro de si. Com sismas e questionamentos sem fim e certezas já bem enraizadas nos patamares da alma. Uma moça velha bonita em sua essência, mas não ainda perfeita em sua condição. Gostava de palavras de todos os tipos e sentia fascínio pelo interpretar. Uma moça santa e pecadora, que entrava em conflitos com seu mundo interno e externo; afinal, quem disse que seria inteligível e banal os caminhos para a perfeição.
Uma moça velha. De fato. Seus olhos eram profundos, sua visão sistemática e sua busca sem fim. Debaixo de uma pele nova e fugaz, com um olhar duro e doce, uma indagação curiosa sobre a vida brotava constantemente nela. Seus olhos eram muito, muito espertos. Bonitos, ela não sabia, mas queria a beleza eterna de uma alma alegre e feliz com a vida que tem, pois lhe foi dada, presenteada por forças inteligentes e sábias. Já é velha, ainda é moça, uma bailarina da vida que gosta de vivê-la com pequenos passos, sentindo a música como se fosse clássica e o vento como uma bela orquestra. Que moça estranha, dizem todos. Mas é porque a moça já é velha. Uma velha moça, ou moça velha que existe dentro de si e parte quando quer, sonhando e desejando enquanto moça e compreendendo e aprendendo enquanto velha. Que moça velha.
Que textoo mais lindo, Daiane!! Parabéns!!!
ResponderExcluirPassando para divulgar a promoção Annástria e o Príncipe dos Deuses
ResponderExcluirhttp://www.just-livros.blogspot.com/2012/02/promocao-annastria-e-o-principe-dos.html
Olá Daiane,
ResponderExcluiradorei o texto!
Estou passando para agradecer pelo convite em conhecer seu blog.
Adorei.
Bjos!!!
Andréia
Sentimento nos Livros
Belíssimo texto, Daiane, parabéns.
ResponderExcluirIndubitavelmente, não é possível avaliarmos a idade mental de cada pessoa, já que esta é uma das singularidades inerentes a cada um de nós.
Agradeço ao seu comentário lá no blog e lhe desejo felicidades.
Abraço.
Oi Daiane estou retribíndo a visita, muito legal seu blog.
ResponderExcluirO texto é muito lino, cheio de sentimentos e intensidade. Parabéns.
P.S. O meu blog está realizando sua primeira promoção em forma de gincana. Dá uma olhada pode ser que os livros te interessem e você concerteza vai se divertir participando http://migre.me/877AS.
Beijos, Caline
Mundo de Papel