segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Charles Dickens: Um Contador de Histórias Reais.


Nascido em uma época de grandes transformações sociais, segregação humana e crescente urbanização, o louvável e perspicaz escritor britânico Charles Dickens presenciou o surgimento do movimento conceituado de "Revolução Industrial", e os significativos transtornos e alterações  decorrentes do processo de industrialização, iniciado em seu país, Inglaterra. A estruturação de uma sociedade sucumbida pelo capitalismo, a execução de trabalhos degradantes, em que crianças e adultos forneciam toda a sua capacidade de força de trabalho em troca de um pequeno remunerado (que não garantia condições para a concretização da dignidade de vida) foi cenário de (in)formação e crescimento deste talentoso escritor inglês. Ávido observador, crítico inteligente e romancista de visão abrangente e sagaz, Charles foi uma romancista de ficção de histórias similares a realidade. Seus escritos revelam ao leitor o olhar de um homem que criticou o seu tempo, espaço e a forma como o capitalismo desumanizou as pessoas, as definindo como matéria e ferramenta de trabalho para manutenção econômica. Pobreza, doenças, mendicidade, exclusão, trabalho árduo e segregação social são características sumamente impregnadas em seus romances, demonstrando enfaticamente, através de seus personagens, a realidade da Inglaterra Vitoriana. Charles, mais que um excelente escritor, foi um crítico social e reivindicador da justiça e igualdade social; satirizou as novas condutas e valores, demonstrando de forma romanceada a precariedade do industrialismo e a forma como atingiu e excluiu os cidadãos.




 
















Ilustração de Oliver Twist




"Oliver Twist", "A pequena Dorrit", "David Copperfield" e "Conto de Natal" são escritos que revelam a principal tendência do escritor: romancear e criticar a realidade e entreter o público, realizando assim, um duplo trabalho: denúncia social e literatura. Na obra "Oliver Twist", o protagonista é um menino, órfão e vítima de um sistema social que abandona a juventude pobre, mazelada, a vendo como entrave para sociedade industrial e capitalista. O jovem Oliver, símbolo da industrialização, do sofrimento e maus-tratos, é a personificação da orfandade e precariedade que viviam as crianças pobres no sistema industrial. No romance a "Pequena Dorrit", o trabalho desgastante, as diferenças sociais, as neuroses sociais surgidas em homens adoentados pelo seu meio, são denúncias realizadas no decorrer da narrativa, pintando um quadro social de angústia humana e de descaso com o cidadão.








Os personagens estereotipados de Charles Dickens apresentam diferentes comportamentos sociais, e como as pessoas viviam e sofriam na época de profunda decadência humana e do desenvolvimento crescente do capitalismo. Corruptos, prostitutas, velhos ranzinzas e medíocres e a fome que alastrava-se como vírus pela velha Inglaterra foram contadas pelo eminente escritor que, ultrapassando o designações sociais, presenteou a literatura e a humanidade não só um gênero de entreterimento, mas uma visão social crítica e bem formulada de como um sistema pode fragilizar, deteriorar e adoecer os indivíduos. E além de todas as características ricas, positivas e produtivas que sua literatura propiciou a literatura clássica, ciências diversas aproveitaram os registros de Dickens para historiar e codificar as condições sociais, culturais e políticas em que o escritor viveu, traçando uma linha clara, precisa e inteligível dos principais contextos sociais que envolviam à época.



 
Dickens, como seus conterrâneos Jane Austen, Elizabeth Gaskell, Irmãs Bronte e Shakespeare possui um estilo particular e primoroso na escrita. Um verdadeiro mestre das letras, que marcou o mundo literário com registros sociais e humanizados, que nos afeta de forma totalizada com sua obra multifacetada por motivos diversos como: sagacidade, crítica, erudição, enredo, riqueza de detalhes, conflitos, personagens e linguagem real romanceada. Um escritor transcendental e de abordagens ainda atuais, pois falou de temas e sofrimentos que ainda fragilizam o homem e a sociedade, enquanto escrevia de forma simplória e diversificada. Um escritor que merecidamente é admirado, louvado, definido e estudado como autor de uma obra rica, histórica e cultural, determinando sua excelência em paralelo a escritos diversos. Tão excelente, que apesar da comemoração de seus 200 anos de história, ainda é um autor buscado, lido e caracterizado como um dos principais escritores da literatura universal e preferido no gosto particular de leitores que apreciam a verdadeira e eminente arte.







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