quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Eu Moro na Roça.






Eu moro na roça.
Acordo com os pássaros
E recebo um abraço.



Eu moro na roça. Acordo com o som dos pássaros, com a neblina fria e o cheiro de café passeando pela casa. Tiro a preguiça da cama, a conduzo pelo chão e mando a danada embora. Com a alegria da primeira luz, ouço pássaros cancionarem uma música bonita por demais (acho que foi feita para mim!) e agradeço o vaidoso admirando sua exepcionante forma de voar. Como uma comida gostosa, que foi feita por senhoras de mãos talentosas, que aprenderam com suas mães, avós e bisavós a arte de alegrar a fome matinal. Parto pela estrada e vejo pessoas passarem. Cumprimento elas enquanto, andando lado a lado, vejo percorrerem seus destinos. Passo por morros, pedras, árvores e bichos e chego na labuta. Labuto por todo dia, vejo o sol crescer pelo céu, castigando, queimando a pele e depois indo embora, deixando o ar ameno e umidecendo toda a atmosfera quente. Volto para casa, fico junto dos meus, vejo a noite passar e a lua nos convidar para  fora. As estrelas brilham no céu. As estrelas gritam por atenção. Então, deito na cama, pensando no dia. No dia na roça.

Eu moro na roça. Acordo cedo e busco um riacho, encontro conhecidos, estreito convivências.

Eu moro na roça e, na roça vejo uma consideração rara, um tratamento bondoso e uma aptidão para o riso.

Eu moro no roça. Não gosto de cidade, não! Gosto de acordar com os pássaros, andar sem calçado e de bons amigos no coração!



Eu moro na roça, meu povo! Vou na cidade só pra comprar novidades e ver gente mentindo na televisão. Peço Deus para me deixar na roça e não ir para cidade, não! Para não ver gente maltratar gente, ver comida jogada no chão enquanto tanta gente passa precisão. Gente que pensa ser muito por ter instrução e gente que faz mal por não ter... mas, quando pela  manhã desperto, desperto meu olhar no escuro de um quarto, sinto um cheiro pesado e me levanto para vida. Para a vida na cidade.



Mais eu moro é na cidade
Acordo com barulho 
E recebo infelicidades.




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