quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Povo Brasileiro.




O eminente escritor Darcy Ribeiro foi sociólogo, pensador, implantador da instituição "Universidade de Brasília" e, para nosso orgulho, brasileiro, politizado, intelectual, crítico e atuante nas principais questões de conflitos sociais que afetam o povo, o país. É autor de livros conceituados e pertinentes para formação intelectual de estudantes e cidadãos que objetivam ampliar sua visão política e social sobre à sociedade. Dono de uma visão inteligente e aguçada, consegue transferir para seus escritos suas idéias avançadas e críticas formuladas sobre o sistema social. O livro "O Povo Brasileiro", de sua autoria, foi tão ousado e corajoso que a princípio poderia ser considerado um livro altamente pernicioso para o determinante domínio da cultura de classes, em que uma minoria é absolutamente favorecida em detrimento de milhares de miseráveis. De natureza crítica e sagaz, o livro sintetiza, na magnífica visão sociológica de Darcy, à formação do povo brasileiro a partir de sua formação histórica, política e cultural. Permeado por inúmeras considerações sobre a criação de uma sociedade classista e racista, narra a subjugação do índio, que foi interpretado como ser imoral, do negro, que foi tratado como máquina de serviço e do branco, identificado como ser religiosamente, politicamente e culturalmente avançado para meio tão "pervertido e ignorante".






O desejo ou busca genuína de pesquisar e escrever palavras que reunissem várias considerações sobre as desigualdades e diversidades do Brasil, surgiu em 1964, quando ao retornar do exílio - por questões políticas - observou a necessidade de buscar respostas exatas sobre o porquê do Brasil ainda não ter dado "certo". Elaborado o questionamento, esforçou-se por entregar-se a metodologia de estudo, a fim de obter resultados significativos e respostas proporcionais ao tamanho desta  pesquisa (absolutamente complexa, de fato). Decorrido muitos anos, pois nosso pensador não era imediatista e leviano em suas argumentações, nasceu "O Povo Brasileiro", que caracteriza a rica cultura brasileira, transplantada da lusitana e diferenciada pela integração da cultura pastoril, através do índio, africanizada, através do negro, mas, ao mesmo tempo, desindianizada e desafricanizada, formando uma nova unidade cultural. Unidade esta baseada nos valores desses dois povos (índios e negros), dominados e direcionados pelos colonizadores. O caboclo, sertanejo, criolo, gaucho e caipira (as grandes camadas de interação do Brasil) foram formados pela condensação social desses povos, sendo que cada vasta região foi alterada em seu perfil cultural e social pela determinação econômica, ecológica, pela imigração de povos europeus e pelas condições do próprio local.






"O Povo Brasileiro", tão simples e atraente em seu título, guarda complexidades sociológicas em seu escrito, sendo um pouco de história, um tanto de sociologia e uma grande crítica social, apresentando uma teoria explicativa sobre as deficiências do país ocasionadas pelo processo de formação do povo, a fim de explanar as nuances e as desigualdades surgidas a partir dos princípios de formação do Brasil. Um país rico em recursos naturais, de arbóreas de cor brasa, portanto, definidas como Brasil, que aniquilou duas culturas sofisticadas e preparadas para viver no meio ambiente mais do que qualquer nobre europeu: os índios e os negros. Um país segregário, idolatrador da cultura externa desde o início da sua formação civil, que marginalizou e marginaliza o pobre, sendo este o grande colaborador da economia brasileira, mas uma nação rica em cultura e criativo no seu existir. Um povo de raça, parido de uma forma bruta de dominação, mas que conseguiu cumprir seu feito: fazer-se um povo, dentro de seu território e construir-se como gente, de forma peculiar. Gente índia, branca e negra que aglomerando-se nos espaços, aculturando seus saberes e fundindo-se culturalmente seus códigos de moral, originaram o vasto, rico, bonito e diverso território brasileiro; o povo brasileiro.








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