sábado, 23 de junho de 2012

Comunicação: Deformando Opiniões.






Seria incerto dizer que o Jornalismo está se deteriorando e sendo constantemente direcionado para a formação de uma mídia superficial e idolatradora de notícias pouco produtivas, pois a ideia de um produto barato surge quando paralelamente pode-se conhecer o que seja qualidade, de forma que o jornalismo deveria, em determinado momento, ter alcançado a excelência para ser, hoje, definido como precário e desarticulado. Logo, um produto ruim é considerado como tal porque temos a ideia do excelente, do perfeito. O surgimento de bons jornalistas ocorre constantemente, mas a excelência do Jornalismo e seus operários tem sido um quadro raro no mercado, de forma que será possível dizer que o Jornalismo está defasado, quando ele nunca foi realmente excelente? A degradação só é possível em um produto inteiro, bom, que, com o tempo, foi sucumbindo as pressões externas e aniquilado e deteriorado por diversas causas. Nesse sentido, a comunicação nunca foi produto inteiro, inteligente, maduro e pertinente, de forma que ela não está ruim, está, na verdade, há tempos, sem evolução e credibilidade. A linha de comunicação contemporânea e a forma como ela se desenvolve afirma, em cada notícia, programa e escrita, que ela é realizada sem questionamentos, reflexões, criatividade e preocupada em alimentar cultura, intelectualidade e formar mentes aptas a opinar e agir de acordo com a congruência, criticidade e reflexão.






A comunicação levanta diariamente a bandeira de sua importância, definindo-se como "formadora de opiniões". Se a grande massa de comunicadores tem sido os responsáveis pela formação social e intelectual do povo brasileiro, está claramente explicado o porquê de tanta mediocridade, irreflexão e falta de posicionamento para compreender a vida e a sociedade como tarefa coletiva, de/para todos. Proprietária de um poder global, os meios de comunicação perpetuam novas regras, endeusam pessoas, criam novas forma de consumo e fazem todas as mentes e opiniões seguirem os termos aplicados, sem nenhum tipo de indagação. O belo só pode ser de uma forma, o elegante de outra, a felicidade é viver como determinada pessoa... e todos buscam copiar as novas fórmulas, receosos de não se realizarem com as prescrições desse mundo externo. Os textos, gradativamente esdrúxulos, atacam de forma veemente as pessoas, as notícias de celebridades criam mitos de consumo, a crítica, tão bem formulada por Voltarie, José de Alencar e um número significativo de pensadores modernos, hoje, na pequena visão das pessoas, deve ser ofensiva, agressiva e briguenta; não se fazem críticas como antigamente, com argumentação, propriedade, inteligência e objetivos, visualizando o erro e propondo solucioná-lo. Hojé a crítica é fofoca, é ofensa física e emocional que não constrói argumentos e pensamento, só raiva e impulsividade.







Dentre as imprecisões e improdutividades, a exposição é a chefe. Não há pudor em mostrar as fragilidades das pessoas, as colocando em posição de vitrine. Quantos jornais, de tv e impressos, não ostentam imagens desnecessárias que só informam tolices e não se preocupam em educar à sociedade. A crise da dependência química e do alcoolismo são pertinentemente abordados de forma superficial e desumana, em que um dependente, portanto, doente, é mostrado na tv sem nenhum pudor. Pessoas sendo expostas alcoolizadas, "artistas" compactuando-se com a comercialização de sua vida íntima a fim de lançar novas forma de consumo e padrão de vida, programas sem propósito, entreterimento que fere e empobrece a formação crítica, já escassa de recursos realmente cultos e estimulantes. A comunicação, de fato, vem desservindo à população, criando um monopólio de ideias e ideais, fazendo grandes redes televisivas serem as propagadoras de informações e determinadoras do dia-a-dia do brasileiro.






Incentivador da formação de opinião para propósitos essencialmente capitalistas e gerando novos consumidores alucinados pela busca da satisfação, o jornalismo atual deforma a mentalidade do homem, criando informações improdutivas, pobres, que não forma corretamente e desarticula o saber, lançando às mentes para o raciocínio deformado do ser, do ter e do saber. Jornalismo e Jornalistas que não permitem que o indivíduo forme sua opinião, já fornecendo o seu pensar, noticiando de forma cínica, ao seu entender, aniquilando a possibilidade do indivíduo assimilar as informações e gerar a sua opinião, segundo seus valores, pois a notícia vem manipulada de acordo com a (pequena) visão do seu propagador. Um emaranhado de apóstolos do saber que invertem sua missão e empobrecem e danificam os meios de comunicação, o jornalismo, e oferecem ao espectador, cansado do seu dia e do seu pensar, informações instantâneas e prontas para manter a mente do homem na sua ignorância e o seu eterno aceitar.






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