quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Diário de Viagem: Cidade de Goiás.




Casas antigas, estradas de pedras, luminárias seculares; povo solícito e receptivo a novos rostos, vozes e sorrisos. Cidade de Goiás, antigo Goiás Velho, que de velho e sereno tem tudo: história, estrutura, edificações e lendas. Terra bonita, calma em sua essência, que demora para falar, andar, passar e viver. Uma pintura viva e brilhante de um povo patrimoniado intacto por seu percuso singular e pelo caminho que percorreu pelos séculos de sua existência. Cidade de Goiás (que não pode mais ser chamada de Goiás Velho) abriga lares acolhedores, arquiteturas simplórias e raras diante um mundo que corre contra o tempo e espaço e busca a tecnologia e a estética como definição de bebeza e estilo de vida. Um espaço geográfico pequeno, que transporta os seres que a visitam para tempos remotos, como se não estivéssemos na contemporaneidade, mas sim em uma local perdido no globo, onde os homens esqueceram de manipular, usar e transformar a bel prazer. Uma viagem que marca cada turista pela paixão de um lugar diferenciado, onde se contempla tudo e todos sem o cansaço natural do já conhecido e vivido.





Formado por ruelas, por pedras grandes e ruas esburacadas, andamos calmamente, sem pressa, sabendo que o ritmo frenético de outrora lá não existe, restando apenas pessoas com sorrisos largos sentadas nas portas de suas casas, em suas cadeiras rústicas, apreciando o andar dos transeuntes e vendo as novidades se apresentarem como artes que se formam todos os dias. As janelas, de madeiras velhas e cores diversas, contam para todos que lá, a violência inexiste e a confiabilidade é a lei maior. Terra bonita, de igrejas de idade avançada, de morros e estrutura disforme, como se mãos tivessem cavado e violado a terra em busca de tesouros. E, os artesantos, expostos nas casinhas, revelam uma arte local única, com características de um povo que imprime em sua arte, fala e objetos todas as tradições absorvidas por serem nascidos em região rica em cultura e memória. Ao centro, na ponte bonita que corre um rio com fluxo constante e frio ao pernoitar, vemos a casa da escritora Cora Coralina, sua moradia, vida, história e reminiscências, onde é narrado ao povo visitante o orgulho da cidade: apenas uma senhora que olhou a vida e soube a poetizar, oferecendo palavras harmoniosamente casadas para conduzir-se a alma.









Ladeiras, pedras, constrastes. Beleza e prosas alegres e amistosas. Gente simples que mesmo quando guarda muito, não criou medidas e barreiras de segregações e indumentárias. Povo esquecido, longínquo, apenas visitado e constantemente deixado para trás. Um povo que nasce abastado e acostuma-se a dar adeus e esperar por mais visitantes curiosos. Sim, uma cidade velha, por isso bonita. Um Goiás Velho que protege uma parte do que foi este Estado e como viviam àqueles que, antes de nós, deixaram estradas prontas para o desenvolvimento e para o moderno. De clima quente, mas com um sol que não machuca nem atormenta, tem um povo caloroso, alegre e comumente sereno, preguiçoso por levantar e viver de forma intensa, apenas vivendo a observar o outro, o mundo e o cenário de cores, casas e objetos que definem sem questionamentos um local que, merecidamente, tornou-se patrimônio, não permitindo que mãos indevidas violem uma construção impecável, antiga e cheia de riquezas que alegram nossos olhos ao conhecer a Cidade de Goiás, essa mesma, antes chamada de "Goiás Velho".






2 comentários:

  1. Olá, Daiane!
    Nossa, que texto lindo, aliando descrição e poesia...Parabéns! Adoro sua escrita!
    Bjos!

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  2. Estava pesquisando algo que descrevesse a Cidade de Goiás em seu contexto histórico e, que, ao mesmo tempo,resumisse de forma poética o cenário da cidade. Achei muito lindo o seu texto!!! Foi muito útil para mim e para minha filha de 9 anos (ela tinha que fazer uma descrição com as diferenças entre a Cidade de Goiás e Goiânia. O seu texto facilitou muito, devido à riqueza de palavras). Parabéns!!!
    Erika.

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