Possuidora de um contraste absurdamente intrigante, que mescla-se entre a delicadeza e força, o papel da mulher é determinantemente dominante na família e sociedade. É mãe, esposa, filha, educadora e profissional; mas não é o excesso de funções que faz das mulheres figuras de facetas diversas e dúbias emoções, mas sim a forma como conseguiram criar ferramentas para administrar as vastas atividades que realizam no decorrer de seu desenvolvimento. A velha discussão sobre a mulher ter maiores potencialidades ou não perante o homem, é teoria infrutífera. A moral que torna a pessoa melhor e apta e não sua condição sexual. O raciocínio e a moral, ao meu ver, que determinam a evolução ou falta dela no caráter do indivíduo e não a constituição física, que organizadamente separa o homem e a mulher de acordo com suas funções reprodutivas sexuais, preparando a fêmea sempre para desenvolver e criar seu filhote (em quase todas as espécies), mas nem sempre com a participação do macho.
O fato é que a capacidade de gerar atinge a mais profunda região emocional das mulheres. Ela torna-se mãe, depois avó, sendo esta última uma segunda mãe, sendo mãe, também, de seus sobrinhos e, muitas vezes, de seus próprios maridos. O corpo gera e prepara-se para cuidar, educar e zelar, mas será somente o corpo que determina a paixão que a mulher tem pelo cuidar? Diria que não, analisando o fato de que muitas mulheres não geram, mas não deixam de se sentirem mães. A mulher é cuidadora nata e genuinamente perita em amar. Sente comiseração, penaliza-se pelo o outro e chora por qualquer tolice que atinge sua alma. Desde a meninice, quando lhe dão bonecas para pentear e vestir, diferenciam-se dos meninos que devem sempre correr nas ruas, ter coleção de carrinhos para imaginarem-se partindo, contrapondo-se as meninas, sempre com suas panelinhas de cozinha e bonecas para ninar, vestir e amar. Desde as pequenas brincadeiras, ao cuidado que deve (juntamente com sua mãe, portanto, mulher) exercer nas atividades domésticas, o mundo apresenta sua real função na sociedade: a parte cuidadora e administradora de suas relações. Este texto, no entanto, não pretende ser feminista, pois a escritora dele não é, mas sim humanista, tendo em vista que o homem e a mulher são complementos para formação da base moral da formação de um indivíduo: a família.
A mulher, no entanto, sofre certas pressões de valores sociais. Valores esses que distinguem as pessoas por motivos diversos não as respeitando como seres humanos. Isto pode ser notadamente observado pela vida sexual da mulher e do homem. Para a primeira, o desenvolvimento da sua sexualidade deve ser retido, comportado, já para o segundo a quantidade cria o estranho valor de ser considerado qualitativo em relação ao seu grupo. Tais comportamentos são tão esdrúxulos que torna-se tarefa árdua não comparar com estudos de primitivos inferiores, darwininos ou de etologia. As diferenças são muitas e classistas. Entre as várias formas de classificação, há as mulheres consideradas pelo bando como "corretas" para a iniciação do matrimônio, entretanto, há outras de uso comum, que realizam atividades de prazer estritamente masculino e, portanto, apesar de cumprirem as funções consideradas corriqueiras pelo bando, não são identificadas para escolha matrimonial. Valores tão medíocres que colocam homens e mulheres constantemente em escala de produtos para consumo, mas não como seres humanos imbuídos de qualidades e falhas.
A mulher dentro essa trajetória classista e preconceituosa perante o mundo, tem a árdua função de fazer-se gente, mesmo quando o mundo não a trata como tal. Mulheres que em grande quantidade assumem a função de sustentarem e educarem seus filhos sozinhas, tendo que ouvir que são solteiras e, portanto, imorais para a atividade que com garra e solidão se prestão a fazer. Mulheres que acolhem suas filhas e netos, quando eles encontram-se sem apoio da figura paterna e, mais uma vez, tornam-se mães de seus filhos e segundas mães de seus netos, provendo a casa e ensinando uma força que somente fora construída na batalha da vida. Mulheres que cuidam de seus maridos doentes, sejam por questões meramente físicas, emocionais ou de vícios; estruturam seus lares, educam suas crianças e carregam nas fracas costas a responsabilidade de serem donas de um lar.
Não bastando todas as tarefas e atribuições do ato de ser mulher, há, ainda, a profissionalização, o trabalho. O trabalho bonito da mulher que pôde, por condições financeiras, ter uma profissão de doutora, auxiliar as pessoas e desenvolver o intelecto, mas tem, também, a mulher que não pôde ter estudo, mas não deixa de prover sua casa, que cumprem trabalhos sob o sol, imploram por cidadania e, quando precisam, exercem uma rotina de muitos empregos, tentando levantar um "tiquinho" miserável que não alimenta o homem, mas não os deixa morrer prontamente. Mulheres que mesmo sem instrução, criam formas de trabalho, vendem seus produtos na rua, pedem para limpar as casas das mulheres que puderam ser doutoras e dormem em paz sabendo que estão cuidando de sua cria. A essas mulheres que são mães (de tudo e todos), mesmo quando não podem gerar, dedico este texto, pois toda mulher já nasce mãe, mesmo quando não deseja e toda mulher torna-se mãe de algo, alguém ou de seu próprio filhote, amando, tratando, cuidando e exercendo sua evolução e, assim, compreendendo a verdadeira razão da vida: que o amor conduz ao bom trabalho e o trabalho generoso, amoroso e caridoso, é o princípio da evolução e de toda razão que constitui a humanidade. Mulheres, mãe da humanidade.
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